Thursday, April 05, 2018

Errar definitivamente



Eu acho que entendi uma coisa sobre perdão. Entendi que em primeiro lugar deve se aprender a perdoar a si mesmo, e a partir daí pode se conseguir  perdoar os outros . Compreendi que quando o perdão é verdadeiro, aquele sentimento de mágoa, aquela dor e rancor que guardamos somem. Aquilo deixa de existir porque não lhe causa mais nenhum mal, e acaba por  cair no esquecimento. Quando não perdoamos independente do mal que nos foi causado, carregamos e perpetuamos  aquele mal. E não é mais o mal em si, ou o ato que nos causa dor. Na verdade somos nós mesmos que mantemos e carregamos aquele mal conosco , alimentando-o e o mantendo vivo. Desta forma independente do mal que nos foi feito, somos nós os responsáveis e em última análise pelo nosso sofrimento, nós que nos permitimos este mal. Em suma nós estamos nos envenenando . E quando existe o perdão nos permitimos ser livres daquela carga de sofrimento. Eu compreendi uma parte da equação,  mas meditando mais profundamente , percebendo  que eu mesmo também errei muito em minha vida, e pensando em tudo  que fiz acho que entendi algo a mais. Perdoar a si mesmo é um primeiro passo. Em seguida conseguirá perdoar os outros. E em decorrência disso poderá perceber que talvez também errou, e tentará pedir perdão pelos seus erros também. Mas foi aí que me choquei. A parte que cabe a mim eu posso aceitar e perdoar. Mas relativamente ao que fiz , não tenho poder algum, e pode ser que eu nunca seja perdoado afinal. Eu pensava que fazendo a minha parte e tentando me redimir estaria fazendo tudo que posso, o que talvez seja verdade. Porém me entristece saber que uma vez cometido o erro, não haja volta. Não posso esperar que as pessoas tenham a clareza que me foi dada em relação ao perdão. E é triste saber que talvez eu tenha feito algum mal que possa se perpetuar de algum modo. Pois poderá haver um reflexo baseado na má experiência que tiveram comigo e eu serei o responsável por isso.
Então me ficou claro a gravidade  de não se permitir o erro. Isto é óbvio, mas não me estava tão nitidamente definido o tamanho de sua importância. E confesso que hoje irei dormir mais abatido e no entanto mais consciente de meus atos.
Erros inconsciente as vezes, mas que para quem os sofre são totalmente conscientes e se tornam presentes por um tempo que não é mais determinado por quem fez o ato, mas sim por quem o recebeu.
Entendi uma história que dizia assim. Falar mal de mim é como escrever uma carta , picar ela e jogar ao vento pela janela. Você pode se arrepender e tentar buscar todos os pedaços para assim se desculpar, mas é muito improvável que consiga resgatar cada pedacinho de papel. Portanto acho que não há mais espaço para erros inconscientes em minha vida.
Temos o poder de perdoar o que nos foi feito , e  se conseguirmos, de perdoar a nós mesmos pelo erro que cometemos, mas não temos nenhum poder de sermos perdoados pelo mal que causamos, isto é não cabe mais a nós, e foge à nossa esfera de poder.

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